Querida mana:
Por vezes perco o sentido das coisas, um pouco como o velho do deserto, a figura que contemplei certo dia, enquanto me arrastava entre a solidão. O velho era carrancudo, the vestes temperadas em poeira de séculos, a barba a brotar em espirais de raiz seca. A pele amontoava-se sem regra, num desenho antitético de vales profundos e cumes diversos. Segurava na mão direita um livro de páginas amarelecidas que soltavam pó somente com o respirar ofegante que lhe cansava. E aquele olhar mana, como se das páginas do livro retirasse toda a confirmação para o estado em que se encontrava, um desvanecimento profundo que me causou vertigens.
O pescoço contorceu-se aquando da percepção da minha presença. Eu, um vagamundo de pele areada, cansado de percorrer infinidades, rendi-me ao conforto da poeira e sentei-me, ao seu lado, saciando o meu desejo de companhia. Faz tempo que não converso mana, e no meu corpo já não cabe nem mais uma palavra.
Ali repousei a solidão. Em palavras trocadas de mão para mão...
Por vezes perco o sentido das coisas, um pouco como o velho do deserto, a figura que contemplei certo dia, enquanto me arrastava entre a solidão. O velho era carrancudo, the vestes temperadas em poeira de séculos, a barba a brotar em espirais de raiz seca. A pele amontoava-se sem regra, num desenho antitético de vales profundos e cumes diversos. Segurava na mão direita um livro de páginas amarelecidas que soltavam pó somente com o respirar ofegante que lhe cansava. E aquele olhar mana, como se das páginas do livro retirasse toda a confirmação para o estado em que se encontrava, um desvanecimento profundo que me causou vertigens.
O pescoço contorceu-se aquando da percepção da minha presença. Eu, um vagamundo de pele areada, cansado de percorrer infinidades, rendi-me ao conforto da poeira e sentei-me, ao seu lado, saciando o meu desejo de companhia. Faz tempo que não converso mana, e no meu corpo já não cabe nem mais uma palavra.
Ali repousei a solidão. Em palavras trocadas de mão para mão...
Quando decidi voltar à minha condição de vagamundo, o velho arrancou uma página do seu livro e estendeu-a para mim. Nela estava escrita apenas uma frase que reescrevo aqui, na esperança que a consigas perceber:
"Sou o medo e o temor do menino vadio..."
Do teu, para sempre, irmão.
1 comment:
Faz tempo que não converso mana, e no meu corpo já não cabe nem mais uma palavra...
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